#5 | Finalmente, a primavera...
Edição 5 | outubro 2025
[𝘗𝘖𝘕𝘛𝘖 𝘋𝘌 𝘝𝘐𝘚𝘛𝘈]
Isso é só uma questão de opinião
Desabafo de uma cansada de intolerância religiosa e discurso preconceituoso
Eu e meu cônjuge somos duas matracas, gostamos tanto de conversar que é até difícil saber quem fala mais. Especialmente aos sábados, após acordarmos, engatamos em papos-cabeça que duram horas a fio. No último final de semana, o tema da vez foi estado laico e intervenção religiosa nas frentes da sociedade. O papo foi tão bom que pensei em trazer aqui.
É bizarro, para mim, pensar que existe defensor de religião e política caminhando de mãos dadas quando, a bem da realidade, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Poderíamos partir do mesmo princípio básico: no Brasil, temos mais de 4 mil religiões, portanto, imagina o quão injusto seria uma bancada de Mórmons tentando passar lei de proibição de sexo antes do casamento e de ingestão de bebida alcoólica ou ainda adventistas aos montes aprovando projetos de criminalização da carne de porco?
São várias as crenças que utilizam a Bíblia como referência e ainda existem tantas diferenças entre fés que só isso seria motivo suficiente para cada um respeitar a do outro e entender que só porque você acredita em algo não quer dizer que o mundo inteiro precise compartilhar do mesmo pensamento.
A vida inteira, estudei em escolas religiosas, ainda que não praticasse nenhuma delas - a título de curiosidade, eu acredito em várias coisas. Definitivamente creio em entidades, deuses ancestrais, espíritos, mas faço minhas próprias magias, misturo rezas, mantras e orações e me protejo com tudo que posso. Rezei antes da aula começar centenas de vezes, tive aula de religião disfarçada de Ética, ouvi cantos, fechei os olhos e abaixei a cabeça em milhares de orações e nunca foi estranho. A fé do outro não me impacta em nada, a menos que ele queira impor algo a mim, coisa que eu nunca vi devoções de matriz africana, ou indígena, ou hindu, ou qualquer outra fazerem, diferente das ocidentais mais conhecidas e propagadas.
Agora, pense por um segundo na possibilidade de existir uma escola umbandista onde as crianças tocassem tambor e participassem das cerimônias. Aliás, uma mãe perdeu a guarda de sua filha por iniciá-la no Candomblé. Qual é a diferença entre batizar uma criança com água benta e obrigá-la a fazer catequese antes mesmo de poder decidir no que acredita de levá-la num terreiro ou cerimônia ritualística? Alguém me explique porque eu não entendo. Alguns dirão que há religiões onde entra o físico, como raspar a cabeça, e isso é inadequado, mas a circuncisão nunca fez ninguém perder a guarda de filho nenhum, faz parte de uma cultura, logo, é respeitado.
É tão assumidamente fácil perceber o nível de demonização de certas, e apenas certas, doutrinas, e deveria ser igualmente ágil notar o padrão dos seguidores de cada uma. Que paz verdadeira teríamos se os praticantes convivessem tranquilas com suas crenças e deixassem os outros também praticarem aquilo que faz parte de sua cultura, ancestralidade e saberes.
Toda a Igreja Católica é montada em torno de rituais, sons, cantos, capas, velas e vinho. Se isso não é uma grande oferenda, eu não sei o que é. Estar numa capela, numa assembleia ou no meio da floresta em torno de uma fogueira, dá na mesma. A paciência acabou, é um absurdo sem igual existir pastor no meio de bancada votando em benefício de uma fé apenas, a dele, e sobretudo não agindo nem conforme as leis do seu Deus, nem das leis dos homens, apenas as suas.
Se for para querer que algo seja comum a todos, que seja a dignidade.
[𝘘𝘜𝘈𝘓𝘐𝘋𝘈𝘋𝘌 𝘋𝘌 𝘝𝘐𝘋𝘈]
Pega o incenso e limpa, limpa, limpa
Se não pode com eles, junte-se a eles
Eu tive uma ideia genial.
Se você não tem bode do LinkedIn com seus milhares de conteúdos iguais, gente querendo aparecer, replicação de coisa errada, lição de moral tosca, grandes aprendizados advindos de humilhações que ninguém deveria passar, sorrisos e abraços falsos, provavelmente é uma das razões das pessoas terem um abuso dessa rede social - desculpa, alguém ia ter que te dizer.
Pois, presta atenção e acompanha meu raciocínio. O tempo inteiro reclamamos que as redes sociais estão todas iguais e que são repetidamente os mesmos assuntos, vídeos, trends sugadas até a última gota de carisma, piadas extrapoladas ao máximo e afins, certo? Aqui no Substack, então, só tem nota sobre como estão estragando este lugar maravilhoso e inabitado, repleto de elfos mágicos e Shakespeares.
E se nós passássemos a postar outros tipos de trabalho no LinkedIn? Vamos abarrotar a rede com citações de livros, poemas, artigos longos sobre temas diversos e fotos nossas em momentos de descanso.
Não deixaremos de postar trabalho, mas não seria aquela coisa clichê que precisa ser feita, o jogo sendo jogado diante dos olhos. Eu mesma comecei a divulgar meus textos por lá - se você está lendo e veio do Linke, oie!!!!! - e apesar de agonizar cada vez que carrega e eu vejo materializado no feed, depois me esqueço. Acho legal conhecer outros lados fora esses performáticos e ter uma conexão mais sincera com aqueles que se identificam ou gostam de nos ver sem máscaras.
Junte-se a mim nessa missão, vamos melhorar uma rede social para variar, vamos deixar o LinkedIn mais legal! 🧡
[𝘊𝘜𝘓𝘛𝘜𝘙𝘈 𝘗𝘖𝘗]
A casa das aleatoriedades
Completamente obcecada com o fármaco que devolveu movimento a pessoas tetraplégicas
Desde que soube dessa notícia, a minha mente explodiu. Acho que porque desde pequena morria de medo de sofrer um acidente e perder os movimentos - minha teoria é que as novelas de antigamente sempre tinham acidentes com cavalos e personagens com a coluna quebrada. Eu realmente achava que cair de um cavalo e ficar para/tetraplégica seria um problema sério na minha caminhada terrena, mas adivinhem, eu nunca estive nem estou próxima a ter um animal desses. Atualmente, usam menos esse tema nos audiovisuais da vida, mas unindo este receio advindo de novelas das 21h com as repetidas falas dos meus pais para não brincar de pular de cabeça dos lugares, fiquei conscientizada e sempre prezei pela minha coluna vertebral.
Se ainda não soube, te conto: uma pesquisa liderada pela bióloga Tatiana Coelho, do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, obteve resultados promissores no uso da polilaminina, que promete regenerar células da medula e pode reverter parcial ou totalmente a lesão ocorrida no paciente. Isso é magnífico, pessoal! Nos testes, 10 pessoas conseguiram se mexer novamente, entre eles, uma vítima de acidente de trânsito, um ferido por bala de fogo e uma mulher que sofreu uma queda. 😮
A parte mais bonita, para mim, é que essa proteína pode ser obtida por meio da placenta humana, da vida.
Agora, o estudo segue para mais testes para conseguir a aprovação da Anvisa. Mas o orgulho que sinto de encabeçarmos uma pesquisa desse porte e com resultados tão diferenciados está explodindo em mim. Viva a ciência, viva o Brasil, viva as mulheres que mudam o mundo e, mais que isso, se tornam referência para tantas outras e viva o corpo, essa máquina tão especial.
[EXTRAS]
O que não coube em nenhuma editoria e eu queria colocar mesmo assim
Vamos juntar pessoas legais para trocas, conexões e aprendizados
Cada vez mais, como sociedade, buscamos menos conteúdos complexos e longos e mais “rapidezes” que não possuem nenhum compromisso com a verdade.
Eu e Nicole, uma das minhas melhores amigas, também jornalista, lançamos o Coletivo Janelas, lugar para onde temos direcionado todo o amor e carinho que temos em nós. A comunidade acontece no Substack e o foco é produzir um jornalismo-poético, contar histórias de pessoas comuns, conteúdos sobre bem-estar, saúde, cultura e afins. Posso me adiantar? Assim que tivermos mais tempo de caminhada, promoveremos lives, workshops com especialistas, Clube do Livro e encontros presenciais.
Nossa primeira entrevista está disponível por escrito e na íntegra por vídeo. Vamos ser amigos e criar um lugar bacana onde possamos fazer amizade, aprender coisas novas e ter acesso a reflexões diferentes? Vamossss! Espero vocês.
No repeat
A música tem sido uma constante nos meus dias, cada mês escuto mais. Na última newsletter, eu coloquei os meus mais ouvidos no mês e farei de novo. Será que dessa vez eu acerto qual foi a canção que mais ouvi? Chuto Manchild, Sabrina Carpenter ou Lithium, Nirvana - roubando mesmo colocando duas opções para ter mais chance de acertar. Rufem os tambores…


Dessa vez eu acertei! Não era a minha primeira opção, achei que escutei bastante Manchild, mas no final eu me lembro de ter abraçado o grunge mesmo.
Espero que tenham gostado destes conteúdos que separei e escrevi com um tanto enorme de carinho. Obrigada por estarem aqui, significa o mundo para mim.
Nos vemos em novembro,
Besos,






